A oficina foi desenvolvida a partir de um dos mais importantes temas que perpassam pela história da filosofia ocidental e que, com o avanço das ciências, tem se tornado mais presente nos dias atuais. “O que é a Mente?” norteou a atividade, que teve como principal objetivo estimular o senso crítico partindo de uma importante questão filosófica, de modo a despertar no jovem o interesse pelo debate filosófico da contemporaneidade, levando em consideração os conhecimentos clássicos da filosofia, que muitas vezes já eram conhecidos pelos alunos, e conhecimentos já consagrados pela ciência. Intitulada como “Corpo e Mente”, a atividade foi realizada de modo a tecer provocações acerca dos conceitos de alma, consciência e mente, fazendo um contraste com as noções de mundo sensível, percepção corpórea da realidade e cérebro e, partindo de autores como Platão e René Descartes. Em um primeiro momento, os participantes da atividade foram expostos a uma série de conceitos filosóficos sobre a noção de realidade.
Como de costume, a primeira questão levantada foi se Platão, ao defender a existência de um mundo imaterial e inacessível pelos sentidos, estaria sendo satisfatório com sua teoria em face às indagações que emergiriam dela. Em seguida, uma atividade de posicionamento foi sugerida aos alunos, que refletiram sobre a pergunta: “A mente se encontra no mundo sensível (material) ou no inteligível (imaterial)?”. Na sequência, foi efetuada uma breve exposição sobre o progresso da dúvida metódica, originalmente proposta por Descartes, da qual originou a conhecida máxima “penso, logo existo”.
A preocupação de Descartes era de assegurar que sua máxima fosse a base de todo e qualquer conhecimento humano; que ela pudesse servir de fundamento para toda a ciência, em última análise. Do “penso, logo existo” surgem duas importantes correntes de pensamento que são identificadas na filosofia: o dualismo e o monismo. Essa diz respeito à noção de realidade pensada como Platão, em que corpo e alma (mente) estão em lugares distintos e, portanto, separados; esta compreendendo que não há divisões e, por mais que nossos sentidos e intuição sugiram que sim, o mundo é, perfeitamente, uma coisa só. Além do dualismo e do monismo, uma terceira linha de pensamento, dessa vez mais próxima à filosofia contemporânea, foi apresentada para sustentar as provocações: o materialismo.
O materialismo basicamente compreende que a mente é o próprio cérebro, e que nada daquilo que seja imperceptível pelos sentidos pode produzir consciência. Defronte ao dualismo, novamente os alunos foram convidados a se posicionar. Uma discussão foi iniciada e anotações foram feitas. Dando continuidade à atividade, materiais em vídeo deram sequência à discussão, tomando por base a pergunta: “Fenômenos físicos (como um gol em uma partida de futebol) dão origem a Fenômenos Mentais (emoção, vibração, nervosismo, locomoção), ou fenômenos mentais é que originam fenômenos físicos?”, e ainda: “O que antecede a experiência, a mente ou o corpo?”. Essas questões abriram espaço para questionar se robôs podem vir a ter consciência, ou se há alguma propriedade ou aspecto fundamental que determina se algum sistema será dotado de consciência.
Para fins de fechamento, um último breve parecer, extraído do pensamento do filósofo francês Merleau-Ponty, foi utilizado. Nessa perspectiva, que é contemporânea, o que permite entendermos a nós mesmos como seres dotados de consciência é a percepção. A percepção é o fenômeno que antecede qualquer estado mental e físico. Desse modo, o tema foi finalizado subentendendo-se, não em definitivo, o seguinte: é porque percebemos a nós mesmos que podemos afirmar que existimos. Assim a oficina foi finalizada, seguido por algumas recomendações de produções cinematográficas que se baseiam no tema. Dentre as mais conhecidas, a série Westworld (2016), da emissora HBO e o filme Ex Machina (2015), da Universal Studios.
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